A laparoscopia consiste em um procedimento cirúrgico, sob anestesia geral, no qual introduzimos dentro do abdome uma câmera com imagem de alta resolução (que aumenta em 20 vezes o tamanho das estruturas) através de pequenos orifícios de 1 cm.
Com a utilização de instrumentos delicados e precisos, podemos realizar vários procedimentos diagnósticos e tratamento de órgãos internos sem a necessidade que grandes cortes para acessá-los, como ocorre nas cirurgias convencionais.
Em geral, a principal diferença desta cirurgia para a cirurgia convencional é a forma de acesso e não o princípio técnico.
A primeira cirurgia laparoscópica experimental foi realizada pelo médico alemão Georg Kelling em 1901, que visualizou a cavidade abdominal de um cão, auxiliado por uma ótica de um cistoscópio (aparelho de urologia).
A Urologia somente veio a utilizar a laparoscopia na década de 90 quando Griffth realizou linfadenectomias para câncer de próstata e Clayman através da retirada laparoscópica de um rim. Estes médicos abriram as portas para este avanço tecnológico na cirurgia urológica.
A cirurgia laparoscópica nasceu no século passado e hoje faz parte de nosso cotidiano.
Atualmente, a cirurgia laparoscópica é considerada o método de escolha para algumas cirurgias urológicas como por exemplo a correção de estenose da junção entre ureter e pelve renal (JUP), retirada de rins não- funcionantes e cirurgia das supra-renais.
ESTENOSE DA JUP:
Consiste no estreitamento congênito da união entre o canal que leva a urina do rim para a bexiga e a parte central do rim (pelve renal). Quando isso ocorre, pode surgir dor nas costas, dilatação do rim, perda de função do rim e formação de pedras pela dificuldade na passagem da urina pelo estreitamento.
A cirurgia laparoscópica permite a correção deste defeito com segurança, mínimo trauma, bons resultados e rápido retorno do paciente para suas atividades habituais.
NEFRECTOMIA
Quando o rim acometido não tem mais função, apresenta muito cálculos, infecção ou dor, podemos realizar a sua retirada com segurança através da laparoscopia, evitando as incisões tradicionais.
Também podemos realizar o procedimento em ambos os rins (bilateral) no mesmo tempo cirúrgico e com os mesmos pequenos orifícios. Isto é realizado no preparo de pacientes que irão realizar um transplante renal e necessitam retirar os rins doentes antes do transplante.
Nefrectomias parciais ou radicais por neoplasia maligna também estão indicados, mas cada caso deve ser avaliado individualmente pelo urologista para não interferir no resultado final do tratamento.
CIRURGIA DE GLÂNDULAS SUPRA-RENAIS – ADRENALECTOMIA
As adrenais ou supra-renais são glândulas responsáveis pela produção de hormônios e catecolaminas (adrenalina).
Tumores na supra-renal ou mau funcionamento podem exigir a sua retirada e a cirurgia laparoscópica proporciona excelentes resultados para esta cirurgia.
A Medicina segue os passos da revolução tecnológica.
Ainda no final da década de 90, a introdução da robótica na vídeo- cirurgia tem revolucionado a laparoscopia, permitindo que técnicas laparoscópicas, que apresentam resultados piores que a cirurgia convencional, se aperfeiçoam e evoluam.
Na cirurgia robótica há uma visão tridimencional, movimentos mais precisos, sem tremores. Existe a possibilidade de realizar procedimentos à distância com o robô (telecirurgia).
A robótica já possui vantagens no atual modelo tecnológico e já permite ampliar os horizontes e introduzir novas técnicas que melhoram resultados, que a cirurgia laparoscópica não consegue alcançar.
O robô mais utilizado no mundo é chamado Da Vinci, alusão a LEONARDO, que junto a Michelangelo, foram as maiores expressões da pintura renascentista, época da valorização do Homem e da Ciência.