Peritônio

O que é, Funções e Onde fica?

Como um grande saco, o peritônio reveste os órgãos abdominais, desdobrando-se em pregas e sinuosidades para acompanhar o contorno das vísceras. Esse revestimento (peritônio visceral) é continuação direta do peritônio que forra o interior da cavidade abdominal, como um saco hermeticamente fechado (peritônio parietal). Além de constituir importante defesa para cada uma das vísceras, veda completamente a cavidade abdominal. Isso não acontece no organismo da mulher, em que as trompas comunicam a cavidade abdominal com o exterior, através do útero e vagina.

Antes da descoberta da penicilina, romper essa barreira natural era o maior problema dos cirurgiões. Tanto que a procura de melhores técnicas operatórias se voltava com frequência para a tentativa de operar “sem abrir o peritônio ‘ Uma vez aberto, a contaminação era um fenômeno quase inevitável, por maiores que fossem os cuidados.

Mas o peritônio não só bloqueia infecções de modo geral, como também segrega um “lubrificante” especial que facilita o deslizamento dos órgãos, uns sobre outros, no decorrer dos movimentos normais. O líquido produzido por essa membrana mantém-se sempre no mesmo volume, pois é continuamente vertido e absorvido.

O peritônio desdobra-se em três pregas principais, chamadas omentos ou epíploos, que contêm células adiposas. Através delas passam os vasos e nervos encarregados da nutrição das vísceras. No caso de ataque aos órgãos abdominais, os epíploos têm uma atuação muito especial.

Na parte da frente do abdome o peritônio adere completamente à camada de músculos que começa na altura do estômago e desce até a parte superior da pelve. Na parte de trás do abdome situam-se alguns órgãos que não chegam a ser envolvidos nas pregas do peritônio. Ficam por trás dele, e, por isso, são chamados retro peritoneais; é o caso dos rins e do pâncreas.

Já o fígado, o baço e o útero, quase totalmente envolvidos, são intraperitoneais. A vesícula, o jejuno e o íleo são intraperitoneais, mesmo inteiramente revestidos pelo peritônio.

Quando o peritônio se afasta da parede abdominal, para aprofundar-se na cavidade e ligar-se a vários órgãos, esses trechos recebem nomes com o prefixo meso – mesocólon, mesentério.

Peritônio – Defesas

Muitas vezes o paciente procura o médico, após uma intervenção cirúrgica, porque acha que “está com aderências” e quer ser tratado. Na verdade, a capacidade da membrana peritoneal deformar aderências é um de seus importantes mecanismos de defesa.

A aderência pode ser definida como a adesão mais ou menos duradoura entre duas superfícies do peritônio. Também pode formar-se quando o órgão fica sem o revestimento peritoneal, após uma cirurgia ampla. De modo geral, as infecções, traumatismos e quaisquer outras alterações nos tecidos viscerais pedem a proteção do peritônio. Ele circunda e isola o trecho irritado, evitando com isso que a lesão seja mais devastadora. Se não houvesse esse recurso, qualquer infecção abdominal poderia ser mortal. As bactérias ou outros agressores se disseminariam rapidamente, para atacar todos os órgãos da cavidade.

As aderências podem ser temporárias ou permanentes. o que depende sempre da necessidade do organismo. Para que sejam permanentes, é preciso que a irritação seja tão intensa que exija proteção definitiva. As aderências temporárias permanecem só até ser eliminado o agente que provocou irritação. Por exemplo, no caso de uma infecção extensa da vesícula, pode-se formar uma aderência com alças intestinais vizinhas. Com o tratamento, a Infecção cede e desaparece; pouco a pouco, a aderência perde sua função e o peritônio pode voltar à condição normal.

De modo geral, a aderência não exige tratamento específico. Só será necessária uma cirurgia para seccioná-la se ela estiver estrangulando as vísceras ocas (em particular o intestino). Fonte: Anatomia do Corpo Humano

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